A arquitetura construtivista é mais frequentemente relacionada à escritos e projetos que não saíram do papel. As duas estruturas mais famosas e radicais do movimento, o Monumento à Terceira Internacional de Vladimir Tatlin e o Tributo a Lenin de El Lissitzky nunca foram construídos. Na esteira da Revolução Russa de 1917, o construtivismo foi o resultado de artistas cubistas e futuristas combinando suas preocupações com a abstração e o movimento com as questões sociais dos bolcheviques na esperança de usar a arte como uma plataforma para motivar mudanças na sociedade. Enxergando os museus como "mausoléus da arte", em 1918 um novo jornal chamado "Arte da Comuna" afirmou: "O proletariado criará novas casas, novas ruas, novos objetos da vida cotidiana... A arte do proletariado não é um santuário sagrado onde as coisas são tratadas com indolência, mas trabalho, uma fábrica que produz novas coisas artísticas." [1]
Apesar da onde inicial de entusiasmo, a vanguarda foi logo denunciada pelo líder soviético Vladimir Lenin. Segundo o historiador Charles Jencks, "O que dava prazer a Lenin, como a Marx e posteriormente os stalinistas, era o realismo social de Courbet na pintura, Balzac na literatura e o classicismo dos gregos na arquitetura." [2] Embora esta oposição tenha vindo cedo, e poderia parecer que o construtivismo falharia unilateralmente, os proponentes mais radicais do movimento foram para o ocidente no início dos anos 1920, deixando florescer nas décadas seguintes uma forma pragmática menos radical e mais social.
Mesclando os componentes de uma nova cultura, como o design gráfico e a publicidade, com novos materiais arquitetônicos como a antena de rádio, cabos tensionados, estruturas de concreto e vigas metálicas, os arquitetos construtivistas foram os pioneiros em novas formas arquitetônicas através de montagens e funções não relacionadas. Estes experimentos influenciaram, evidentemente, projetos posteriores como o Rockefeller Center e mesmo Brasília, e, mais recentemente, o trabalho de Rem Koolhaas no OMA. O construtivismo abraçou novos experimentos no cinema e teatro, habitações coletivas, cidades des-urbanizadas, clubes operários e muitas outras experimentações para criar o "multifacetado e plenamente desenvolvido homem da vida comunista", aponta Charles Jencks. [3]
Adversidades vindas do governo e falta de apoio no nível comunitário impediram o construtivismo e seus arquitetos de alcançarem seu objetivo maior de criar "usinas sociais", como o Palácio do Trabalho. Há, no entanto, uma cidade que teve o privilégio de desfrutar desta arquitetura em um grau de abrangência inigualável. Yekaterinburg é a quarta maior cidade da Rússia, lar de quase 1,5 milhão de pessoas, e também a maior concentração de arquitetura construtivista no mundo, com quase 140 estruturas.
Uma cidade aos pés dos montes Urais, Yekaterinburg se tornou um centro da indústria soviética no mesmo momento em que o construtivismo era defendido. Até então, esta era uma cidade de madeira e casas de um pavimento; com a industrialização vieram edifícios de quatro e cinco andares, geometrias claras, ângulos agudos, muitas janelas e terraços e pouquíssima decoração.
Embora a maior parte dos edifícios permaneça intacta, a cidade não pode se orgulhar da preservação de sua arquitetura. Um boom na construção civil nas últimas décadas ocasionou a demolição de muitos edifícios anteriores ao construtivismo e agora muitos temem que a arquitetura construtivista possa ser a próxima perda da cidade.
Notas:
[1] Jencks, Charles. Modern Movements in Architecture. 2nd ed. Harmondsworth, Middlesex, England: Penguin, 1985, 82.
[2] Ibid., 83.
[3] Ibid., 84.